Entre três pontos. . .

" Quantas vezes
Comecei a escrever
E parei
Apaguei
Disse que não era nada
Era passageiro...

Mas a dor continua
As brasas continuam
Queimando
Queimando até a alma
As lagrimas secam
Antes de cair nas chamas...

Afinal sou isso, não é
Nunca serei seu poeta
Ou aquele que desperta
Um suspiro
Serei sempre... Isso...

Quantas vezes ?
Quantas vezes mais ?
Nesse silencio
Ninguém me escuta
A solidão ri
E a angustia saboreia...

Vou continuar
Caminhando
Sobrevivendo
O fogo não mais me machuca
Não queima mais
Não sinto mais...

As lagrimas não caem mais
A chuva não mais virá
Não existe um Deus para orar
Nem um inferno para amaldiçoar
Somente eu e o silencio...

Quantas vezes eu escrevi essas palavras
E apaguei
Coloquei reticencias
Esperando algo, alguém
Estender a mão
Dizer que entende
Que não estou sozinho...

Agora
Nada mais importa
Continuo caminhando
Sigo essa trilha
Ferro e fogo
Meus pés ardem, derretem
Não me importo mais...

Ninguém ouviu
Nem quando implorei
Ser levado sem machucar os que amo
Agora sigo
Sinto a dor
Tristeza
Os tons azuis dessa existência...

E entre três pontos
Enterro minhas dores
Sinto os ossos queimarem
Músculos estourarem
Sangue evaporar
Dor consumir cada fio de pensamento...

Não sou seu poeta
Muito menos o menestrel a encantar
Não sou fluente em nada
Muito menos o gênio com pedidos
Não sou nada
Muito menos ninguém...

Entre esses três pontos
Apago tudo
Entrego
E viro cinzas
Eu sei que nessa vida
Sou um par de dois
Perdedor
Nem azarão

Deixe-me em paz
Deixe o fogo fazer seu serviço
Esqueça-me no silencio
Pois nunca fui uma escolha
Sou apenas três pontos
Nessa vida... "

Despertar...

" Noite lenta
Posso sentir
Seu calor
Abraço forte
Respiração na nuca
Arrepio, doce e verdadeiro
Mãos soltas
Relembrando suas curvas
Redescobrindo seus contornos
Revelando seus anseios
Caminhando pelo suor
Novamente
Me pego sentindo seu cheiro
Seu ardor
Gosto de mel
Sabor do pecado
Abraço esquecido
Nesse acarinhar
Em meus braços
Faz seu ninho
Em meu peito
Sua marca
Em minha vida
Seu deleite
Em minha fome
Noite fria
Posso sentir
As Saudades
De te abraçar
E esquecer do tempo..."

Pequena Felina...

" Lembro daquela noite
Onde me perdi em seus braços
Achei o que tanto procurei
Nossa loucura devassa, nosso amor.

Sim, minha gata vadia
Sua presença me enlouquece
Atiça o velho lobo
Faminto fico a querer saborear.

Apenas a lua de testemunha
Nossos corpos nus
Banhados pela pálida luz
O vento frio a acarinhar.

Sou um tolo, um vagabundo por lembrar
Nossos corpos suados
Seus miados
Aquele ronronar entre suspiros.

O ar que nos falta
Amor livido
Prazer complementar
Nossa vontade saciada.

Sei que lembra
De minhas mãos te segurando
Minhas vontades te devorando
Saboreando seu mel, doce mel.

Não peço o eterno meu felino
Nem o felizes
Apenas deixe-me aqui
Em seu colo, seu ventre, seus lábios.

Deixe-me aqui
Onde lembranças são quentes
Desejos vorazes
Onde sou sua caça e seu caçador.

Em noites como essa de luar
Lembro de nosso amor, querida lembrança
Minha cria, pose minha
Em nossa simbiose, cumplicidade..." 

Ciclo perfeito...

" Minha princesa
Pequena manhosa
Ronrone em meus braços
Sorva meu suor
Meu sabor
Esse ardor...

Gata arteira
Gemido que enlouquece
Arfar, doce sussurro
Respirar pesado
Por entre os dentes
Implorando algo
Morder, arranhar, atiçar...

Felina travessa
Devo puni-la
Sai por ai cantando
Miando sem parar
Mostrando esse cio
Desejando seu dono
Enlouquecendo todos...

Suas roupas rasgadas no chão
Moveis movidos
Vizinhos acordados
Entre nossos risos
O arrastar de moveis
Ciclo perfeito
Como um lobo
Tomo suas ancas
Sorvo seu prazer
Busco seu ápice
E me esbaldo
Lambuzo...

Orgulhosa mostra a guia
Sua coleira
Minha cria linda
Brinca com minha pele
Meu ser
Mente em fogo...

Meus dedos a buscam
Doce mel a escorrer
Sabor delicioso
Dedilhando com astucia
Continuando até sua perdição
Seus gritos soltos
Abafando o som úmido
O jorrar belo
Pleno
Mulher satisfeita
Instinto alimentado
Minha pequena
Completa... "

Minha Cria. . .

" Minha cria
Doce neko
Anjo de luxuria
Meu bem querer
Mulher que amo
Desejo
Quero
Conquisto
E perco...

Olhe para seu dono
Note esse amor
Enlouquece
Esse vicio em você
Sedento por sua intensidade
Seu cheiro
Gosto...

Venha pequena
Toque para arrepiar
Arranhe
Morda
É minha amada
Meu ser lacerado
Incendeie minha alma
Faça me sentir vivo...

Minha cria
Beijo esse velho tolo
Teimoso
Crente em ter
Seu olhar
Seu amar
O gozar...

Lamba minhas feridas
Abrace-me
Una os cacos de meu coração
Faça o lobo ainda viver
Não deixe o que sinto morrer
Venha minha bela menina
Seja minha
Como sou seu..."  

Carta para ninguém 2. . .

" Olá, sabe que odeio sonhar com você?
Nossa é tão vivo e único, mas doí...
Sabe isso me faz pensar o quanto ainda lembro de seu corpo, cheiro, gosto.
Sua voz que me encanta e seus cabelos em meus dedos.
É irritante sua maneira de mexer comigo. Será que me amaldiçoou a sempre revê-la em sonhos.
Estranho a sensação que fica. É como se durante o dia ficasse com seu cheiro. Seu toque no rosto sua presença a me perseguir.
Será um fantasma ? Gostaria de te ligar, de mandar uma mensagem...
E para que ?
Ser ignorado ? Ouvir as mesmas frases? Me sentir um lixo ou um tolo em acreditar em meus sentimentos.
E como ferro quente sua presença fica gravada. Por que ? Pode ser minha mente me torturando pelos meus erros.
Ou quem sabe é seu pensamento em mim.
Mas como lhe disse você é tão orgulhosa, mesmo querendo não da o braço a torcer.
Sou um idiota... Escrevendo para ninguém. Penso nos momentos felizes... Recordo as tarde de paixão... amor... onde estávamos sozinhos com as estrelas.
Deus como ainda te amo.
Mas eu errei não é ?  Eu sempre fui um idiota.
Ridículo eu ainda sentindo o que sinto.
Sempre assim eu falo que te esqueço, que não quero mais e basta um sonho e tudo volta.
E admito não é qualquer sonho... É daqueles vivos, intensos, com cheiros, gostos, sentimentos.
Esqueça, tudo não passa de um sonho não é ?
Tolice pensar nisso.
Só queria um abraço demorado, sentir você se aconchegando em meu peito... eu tocando seus cabelos ... sentir sua pele.
Sou um tolo...
Quem sabe um dia você lerá e saberá que fui eu a escrever.
Até o próximo sonho."

Cinzas...

" Cinzas 

Ainda quente
Como se fosse
Seu tocar
Aquele ultimo beijo

Sabor de despedida
Lembro de seu corpo
Marcas tão belas
Únicas
Seu cheiro
Ainda gosto dele
Será um vicio? Será eterno?
Suspiro ao pensar
Seu jeito de ser
Respirar
Me provocar
Tudo são cinzas
Ao vento
Um perfume
Que se perde, com o tempo
Uma lembrança querida
Que se perde,com o tempo
Seu abraço
Que se desfaz
As juras tão intensas
Desfeitas
Quebradas
São cinzas
Por entre os dedos
Em meus olhos

Meus lábios amargos
Desejo que ainda tenho
Cinzas como o dia 

Como a chuva
Teima em cair
Nos meus olhos..."

Desaparecer...

" Assim estou
 Em uma longa espiral
 Triste fim
Para um não começo
Engraçado
Promessas de amor
São sempre repetidas
Como um disco riscado
Um looping desonesto
Parece que ontem
Olhava em seus olhos
Jurava amor
E recebi juras
Agora sou isso
Um fantasma
Uma agonia que insiste
Em bater na janela
Um desespero
Que continua a existir
Sou efêmero
Um pedaço de passado
Esqueleto no armário
Sou apenas mais um
 Sem muito querer
Queria eu navalhar a carne
Rasgar os músculos
Lentamente me livrar da dor
Do amor
O existir
Mas nem isso posso
Promessas são dividas
Gostaria tanto
Dançar com a morte
Receber seu beijo
Deixar de sentir ao menos
Agora sozinho
Vivendo de migalhas
Essa dor que não passa
Deixe-me desaparecer
Que caiam as lagrimas
Eu grite até o sangue sair
Não quero mais
Estou cansado
O mundo me esmaga
Engana
Trai
Assim estou
Sozinho
Devo crer que essa é minha sina
Meu dom..."