sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Liberdade . . .




" Jurei estar do seu lado
não te decepcionar

muito menos desistir de você
admito é minha única fé

o resto bom que sobrou 
não quero te deixar na mão
mas se precisa ir, vá
porem entenda, realmente quero você
gostaria de ficar por perto...

Os deuses sabem o quanto me arrependo
pode me julgar, fui um idiota mesmo

um tolo acorrentado, um idiota perdido
isso nao justifica nada, juro só queria ser feliz
não sou um rosto bonito
muito menos um exemplo de homem 
continuo lutando 
dia após dia 
um velho teimoso 
um peixinho contra o oceano...

Pense menina tudo se quebra
e deve saber que estou aqui dizendo isso
todo aço rompe 
toda fé se perde 
todo amor se esquece 
todo desejo se torna banal
ve o meu rosto?
cada cicatriz ? 
achei que fosse a única notar, mentira...

Agora estou sozinho 
do que adiantou tantas verdades 
se a maior mentira foi acreditar em um futuro
que existiria um depois 
danças ao luar 
prazer desmedido inconsequente 
noites de calor e frio
tudo virando pó 
tudo virando sonhos... 

E a culpa é minha 
eu acreditei em um fio
algo a incomodar, um cisco 
agora já sabemos o resultado final
cada um a dançar sua própria musica...

Sim, nos divertimos 

eu e você
éramos cúmplices
loucos contra o mundo 
pistoleiros desafiando as probabilidades
apenas amantes em uma noite 
hoje percebi o quanto era feliz
e como é no fim triste...

Que longa estrada é essa que estamos 
noite fria solitária
dia quente sem uma companheira 
nossa garota como eu gosto do teu olhar
de seu requebrar 
de seu sorriso perdido 
das conversas sem contar o tempo...

No fim o que ganhamos 
o que realmente somos
será que devo acreditar e sonhar ?

vou viver essa tal liberdade 
não é o que realmente quero 
muito menos o que sonhei
mas é o que tenho, o real, o agora
perdi o jogo
devo continuar
vou viver essa tal liberdade..."

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Momentos...



" Sinto seu olhar
admiração
tanta devoção
minha pequena flor rubra...

Seu alimentar
sacia minha fome
minha necessidade de mais
incessante luxuria desenfreada...

Sua vontade de me ter
ser minha entregue
cuidada em minhas mãos
amada, tutelada, nutrida e sorvida...

Em noites especiais
será belamente adornada
cordas e amarras
algemas e tecido...

Em outras
apenas a cera de velas
iluminando e pingando
intensa escultura em óleo e lasca...

Como um artista moldo sua sede
oferto em seus lábios
pleno ápice
e em gratidão oferte o seu a mim...

Dedos em seus lábios
provocando suspiros
arfadas
lambidas...

Isso morda pequena
arranhe
marque o que é seu
me sinta mais e mais desperto...

Prendo-a pelo pulso
meu monstro aqui
a devorar sua vontade
seu querer, seu prazer...

Suas mãos levam as minhas
em seu pescoço,em um pedido mudo
um anseio belo, seco, puro, puto
a seguro, protejo,observo, sinto seu prazer...

Dedilho seu corpo
acaricio a renda que te cobre
marcas de meus carinhos
de nossas vontades...

Escuto sua suplica
deliciosa forma de descontrole
gemidos orados implorados
dança insinuante de seu suor...

Pleno êxtase
saborosa cria que trata
seu velho lobo
minha pequena flor...

Por fim selo seus lábios
seus braços com meus abraços
sua vontade com a minha
nossa cumplicidade e simbiose..."

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Prazer sorvido...



" A caçada terminou
fim da linha
minha pequena cria
será meu alimento, minha perversão...

Por tanto tempo espreitei
aguardei
observei seu requebrar, lento e provocante
agora minha garras te pegaram...

De nada adianta fugir
meus dentes já estão em sua carne
agora me faz seu deus
ore por mim, sinta por mim, encontre seu prazer...


Minhas mãos pelo seu delicado corpo
tapas, arranhões, puxões e caricias 

seu corpo entregue a mim, sua vontade 
implore por mim, por mais, ore por prazer...

Você a cada passo me invocou
em cada palavra me chamou

cada novo olhar me pediu
agora que tem meu monstro, tenha deleite...

Na frente de todos é minha
sinta minhas presas em seu pescoço

desfile e rebole 
mostre como tenho sorte, pequena cria linda...

Meu abraço forte e intenso
braços em sua volta
seu ar se esvaindo
sinta meu monstro, minha fome...

Prefere que sejam amarras
pequena cria
vontades atadas, mãos e pernas
sendo usada por minha luxuria...


Seus olhos cobertos
minha boca em seu corpo 

brincando, buscando, arrancando
grite mais, gema para me agradar...

Alimente meu monstro 
diga que é minha
se insulte a cada nova estocada
implore por mais, me enlouqueça...

Tire minha realidade 

nuble minha visão
agora sou a fera que te devora
vou me saciar com seu prazer, sua loucura...

Grite até desmaiar
sinta meu prazer a escorrer
meu suor a pingar
minha fome a continuar, escute meu uivo

meu urro...

De tanto brincar, agora te queimo 

te como, te possuo 
seu implorar, gemer, contrair 
cada gesto mostra sua devoção minha entrega...

Sou seu lobo
você é minha cria, minha pequena
somos uno pervertidos, loucos, devassos
deixando nossas marcas nossos prazeres, por ai...


Ainda uivando me beije 
me toque 
sinta meu prazer 
eu e você saciados, minha pequena cria..."

Juntos aqui...


" Estamos tão distantes
milhas longe de nossos objetivos
percorremos tantas dificuldades
passamos por tantas coisas 

e é aqui ao seu lado 
que tenho forças para continuar...

Esperaria por dias a fio 

querendo um sorriso sincero 
um selinho nos lábios
ter meu coração batendo forte...

Cada passo que damos
indo por trilhas tão distantes

vemos que somos tão iguais 
almas destinadas ou companheiras 
o que importa é o sentimento...

Vamos dar uma chance para o amor

irei leva-la
sei que parece um tiro no escuro
mas sinto que vou acertar 
todo meu sentido, meu coração e vontade 
focados em ganhar e superar tudo de ruim 
estou bem onde quero estar 
estou bem onde devo estar...

Venha minha cúmplice, temos uma missão
vamos encontrar essa nossa paz
tornar tudo eterno, belo e intenso 

mudar o mundo com um simples gesto 
enquanto estamos juntos, e amamos 
não há outro lugar que devemos estar...

Cada passo que damos 
resistindo a essas espirais sombrias
vemos que somos mais fortes, assim
juntos amados e amantes
o que verdadeiramente importa
são nossos corações felizes...

Estenda a mão, me de essa chance
deixe-me guia-la
eu sei que é uma aposta alta

mas sei o que devo fazer 
não irei decepcionar
quando estou com você
sinto que o mundo gira e tudo
esta como deveria estar


Segure minha mão, acredite em mim
não solte, entrelace os dedos 

vamos superar qualquer problemas
afinal já passamos por tanta coisa
merecemos a felicidade
merecemos o amor
tornar tudo eterno, belo e intenso 

mudar o mundo com um simples gesto 
estamos juntos e amamos 
não há outro lugar que devemos estar..."


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Somente me ame...

 


" Me diga algo bom, eu preciso ouvir
algo que tire meu fôlego, não faça voltar
deixe-me ir até você, atravessar os espinhos
verá meu sorriso, lido muito bem com essa dor...

Juro que não vou morder, nem me vingar
não me olhe assim sabe que não posso suportar

esse "destino" imposto, nenhum de nós merece viver
me dê apenas uma razão, para me render...


Me chame para perto, se quer que eu fique, diga
repita meu nome quantas vezes for necessário

me seduza com seus lindos olhos, aqueles que me encantam
toque-me de maneira quente, me abrace e não solte
repita meu nome quantas vezes for necessário
me ame, apenas me ame, de maneira intensa 

como sempre nos amamos, uma espiral boa e sem igual...

Prometa me amar hoje, mesmo se for apenas hoje
mas me ame com todas suas forças, que sinta a dor fluir, fugir...


Sei que estamos em um campo minado

ambos querendo correr sem olhar para trás
você me conhece tão bem, a única a ficar
sei que não podemos, mas desejo seu querer, seu ser...


Lembro do nosso ultimo momento, seu doce provocar
nossas vozes embargadas, espíritos livres, almas unidas

consegue ouvir meu respirar, nosso prazer perdido, belo indefinido
vou te fazer sentir como se fosse essa vez, apenas mais uma vez...

Me chame para seu lado, se quer algo, diga
repita meu nome e sorria como se fosse necessário

seduza com seus lábios, toques e olhares, jogue comigo
abraça-me de maneira demorada, me queira e ninguém mais
repita meu nome e segure meus cabelos, suspire e sussurre
me ame, apenas me ame, de maneira intensa 

como sempre nos amamos, uma espiral indefinida sem igual...

Prometa ser minha hoje, mesmo se for apenas hoje
mas seja com todas suas forças, que sinta a dor fluir, fugir, ir...


O que posso fazer? Se fecho meu olhos e te vejo
posso tentar e tentar, loucamente somente falhar
O que posso fazer? Se te amo tanto que enlouqueço
devo deixar ir, mesmo querendo que fique?

Quero saber, devo ficar?
se sim, apenas diga

não de indiretas, sugestões 
venha e me abrace, preciso tanto de você
deve seguir seu coração, seus instintos, desejos
somente me ame, naturalmente como sempre foi
apenas eu e você, sem limites ou prisões...

Sabe que é meu farol, minha ancora

e eu seu cobertor nessa noite fria
seus olhos, apenas seu cavaleiro imperfeito, inexistente
somos tão diferentes e complementares
se quer que eu fique, apenas diga
repita meu nome, quantas vezes for necessário
nessa noite apenas me ame, me ame
somente me ame e esqueça o amanhã, fique comigo...


Prometa ser minha hoje, mesmo se for apenas hoje
mas seja com todas suas forças, que sinta a dor fluir, fugir, ir..."


sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Pax vobis...




“ Noite fria, como todas as outras. De doer os ossos, condensar o ar nos vidros, enfiar-se nos cobertores e esquecer o mundo.
Porém aqui estou apenas observando a luz piscante desse quarto, em lugar nenhum, um pardieiro barato deslocado, descolado as pressas. Tento entender como cheguei aqui e agora. Totalmente nu sentindo o corpo tranqüilo, minha respiração como sempre descompassada. Um neon insistente piscando na janela iluminando e ocultando todo o quarto. Inclusive suas curvas.
Um encontro casual, uma historia ou fantasia de um tolo adolescente.
Uma troca de olhar, sorriso de ambos, via sem volta. Uma perdição encontrada em um leve tocar, uma loucura, correr atrás de uma completa estranha, aquela desculpa esfarrapada e simples olhar sincero.
Vontade em ondas luxuria em pleno ápice, pecado defeso. Beijo lento e abençoado pela fria garoa, mãos desconhecidas perdidas e achadas em curvas, dorsos, anseios e desejos. Unhas a fincar, marcar, aleijar e lacerar ambos em batalha tomada pele, pela boca, olhos, mordidas e lambidas.
Parede como apoio recebe os estranhos amantes em seu leito e logo um coito, respiro desregrado. Pausa lenta e um pensar. Poderiam ali parar seguir suas vidas, seus enlaces originais ou viver aquele segundo, momento real, esquecer toda a existência e entrar nesse turbilhão de segundo. Quase em Uno dizem “ sem nomes, sem depois, apenas o agora...” O duelo volta a acontecer, mais intenso, as línguas em um casar perfeito, o suor e a respiração.
Um sorriso ambíguo, entre o puro e o puto, provocante. Uma sorte ou apenas um destino. Pardieiro fora o apelido dado, afinal eles só queriam um lugar e se não achassem seria no meio da rua mesmo, ensandecidos, esquecidos, entregues.
Banho quente, sem receios ou tempo de reconhecimento, roupas jogadas, sapatos lançados ao ar, roupas intimas penduradas. O banhar começa com ele saindo voltando rápido com toalhas, um riso e uma sobrancelha erguida em aprovação e quem sabe espanto. Quatro mãos em brincadeira, água a cair e o som de um chuveiro velho prestes a queimar, sabão indo e vindo, escorrendo lentamente enquanto os olhares identificam os marcares de antes. “acho que te marquei...” ambos diziam e um leve beijo sobre a pele. Doce cumplicidade. Simbiose ampla e completa, insanidade que termina em mais um beijo, água quente a banhar corpos em encontro.
 Como crianças mutuamente os corpos são secados, tratados, logo mau tratados. Fúria e tempestade, espiral de prazer e vontade de querer. Um prazer oculto, sem limites, sem prisões. Um ato sem culpados, crime exposto. Gemidos intensos e altos acordariam os vizinhos, se o tivessem. Mais alto que o ranger da cama ou o chão que insistia em estalar. Como tapas estalados, marcas mais profundas, animais com fome que pulam sobre a presa, marcam seu território, possuem seus pares de maneira instintiva. Não há acordos ou meio termos apenas uma fluida energia, a circular. Voltar em uma dança.
Suor, prazer, grito e anseio. Dor e angustia antes do ápice, tortura bela em voluptuosos corpos em pleno arremate.
Cume atingindo, o tempo não contado ou visto, apenas o pleno. Deus encontrado, o infinito em forma bruta.
Logo a dança recomeça sem tempo para pensar, como uma fome que não cessa. Mãos presas como se precisasse, mas amarras feitas um uso pleno, um esquecer de posição apenas um ser em dois corpos buscando a fusão. O limite apenas uma palavra não existente. Sem delimitadores como uma tela em branco ambos artistas trabalham formando uma obra. Não importando, sonho ou realidade, pecado ou santidade, homem ou mulher. Unicamente visceral, instintivo, poderoso.
Quantas formas amar aquelas paredes presenciaram, declarações sem palavras, encontro de vidas que passaram, lá desnudas puras entregues. Tantos devaneios e vertentes desaguando naquele segundo imortalizado em duas mentes unidas pelos corpos.
Volto para meu corpo rindo de maneira infantil, seguindo as curvas belas que se desenham na escuridão, sinto dedos brincarem em meus cachos a unha novamente a provocar a pele, arder.
Minhas mãos voltam a procurar, caçar, invadir sem pedir permissão e recebendo como aprovação doces sons. Que aos poucos se mesclam compõem uma exuberante sinfonia. E mais uma vez, uma ultima vez é entoada. Ode aos amantes, desconhecidos, loucos e perfeitos. Porem diferente das primeiras vezes o fim é adiantado  um som corta o silencio, ela corre para a realidade se voltando para o objeto que insistentemente brilha, vibra, dispara contra os sonhos. Sem nada dizer ela salta da cama, mas antes um segundo durante um segundo ela se volta e beija aqueles lábios que não tinham nome, não existia fora do devaneio, um leve sopro podia ser escutado “te amo eternamente”. O sussurro se perde entre tantos sons, o tempo voltava a girar e uma tormenta como um tiro no peito não poderia fazer nada, apenas ver, vestir, sentir o cheiro do perfume que não sei o nome e terminar de me arrumar. Antes de sair ela se vira “desculpe, preciso voltar” apenas respondo “eu sei, não vou te esquecer”. Ela sorri de maneira que não posso esquecer e por fim se vira eu só posso declamar “Pax vobis...”. Ela não virava saia do pardieiro e como um vento de junho que some, me deixando em plena rua, perdido, sem base.
Volto para minha existência, comum e feliz.


Admito quando penso em algo mágico sorriu sozinho, penso naquele dia, naquela paixão não existente, naquela mulher que foi e sempre será não sendo nada.
Admito também que às vezes, apenas às vezes pego aquele mesmo caminho, desço no mesmo ponto e observo as pessoas os olhares, buscando aquele olhar...
Infelizmente ou felizmente até hoje nada achei.

Às vezes acho que foi apenas um bom sonho, às vezes sinto aquele perfume sem nome e às vezes, poucas vezes, tenho a esperança de sonhar novamente, de ter o tempo parado, nem que por um segundo, encontrar a paz que reside em nossas almas.”

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Monstro criado. . .



 
" Escuto essas vozes
esgueirando pelas paredes
dia após dia
me perseguindo
é você novamente ? 

Me deixe, agora 
me deixe, para sempre...

Olhe o terror pelos meus olhos
coração tolo de uma criança

machucado, ferido, usado, manipulado
não tenho mais forças 
como me erguer se essas mãos 
me puxam para baixo
esse terror continua, continua...

Está com medo de continuar ?
Já ouviu tudo isso antes ?

O que sou para você ?
Sou um lixo manipulado, deixado, jogado

não sou mais aquele jovem esquecido no passado
veja pelo espelho
mais uma vez
novamente
sou todos e nenhum
sou esse fractal

esse monstro que ninguém quer...

Não escondo mais que eu sou 
olhe para esse ser
não fuja, não seria justo

foi isso que pediu, lapidou dia após dia 
agora não tenho mais nada, indiferença
o passado acabou, morreu 
e esse presente também
lembre eternamente, a morte que você criou
vive dentro de mim...

Se estou louco?
Certamente estou
vou trazes Deus até mim
vou obriga-lo a explicar se é justo 

se é amor machucar seu filho 
se é justo lacerar qualquer sonho
permitir tanta injustiça
dançarei no rosto dele se ele for mentiroso
afinal quem não é ? 

Pode repetir, quantas vezes quiser 
Como disse mesmo?
Vamos não tenha medo, sou apenas um louco

viu onde paramos, que ponto chegamos
atravesse o espelho 

veja a destruição que vejo 
sinta a tentação que resistia todo dia
e agora sozinho e abandonado 
eu liberto
você está com medo ?
Deveria estar..."


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Afogada em sombras.

 

Victoria Black

" Sozinha no escuro e tremendo de frio,
 eu antes vi uma pequena luz... 

Algo que me fizesse levantar
 e continuar tentando ir em frente.

Incontáveis vezes
 eu corri
 para aquele pequeno ponto
de esperança,
depositando minha alma 
no que essa luz poderia ser...

Corri,
 sem conseguir alcançar,
 me distanciando ainda mais
 dessa luz...

A fria luz que zombava desta alma
 que aos poucos enlouquecia
 e aos poucos morria por dentro...

Comecei a gritar
 na esperança
 de que alguém me achasse
 e me tirasse desta prisão.. 

Me debatia,
 sufocada pela vida
 que parecia ir embora
 a cada respiração...

 A cada dia
 me apercebia das mentiras
 que disse a mim mesma
 para me consolar
 da dor... 

Um movimento estúpido
 para não me render,
 para ainda ter certeza
 que aquela luz ainda me acolheria
 e que toda dor seria curada....

Agora apenas suplico ao nada....

 Me tire do escuro....

  Estou morrendo aqui."


sexta-feira, 26 de agosto de 2016

D.E.U.S.



                           
                                                            


"    Um dia como outro qualquer. Infelizmente mais um dia.
   Já não tinha esperanças de algo bom ou uma simples mudança. A luz batendo na parede do quarto não mais era bela. O canto de céu que via pela janela já não mais tinha formas, muito menos nuvens.
Vestindo a mesma roupa de dias atrás, não me importava com o cheiro pesado que tinha, afinal ninguém se importava. Andando como um fantasma pelos cantos ouvia as vozes assustadas: “Está vendo? É o fim do mundo... Não é nada, deve ser invenção... O que? Nossa será que é um golpe?”, o som do rádio e da televisão se mesclavam. Uma cacofonia que chegava a me incomodar.
   Tomava um copo de café, coçava a cabeça tentando entender aquele pandemônio. As imagens distorcidas que via era uma enorme rocha no meio de uma avenida e um policial dava entrevistas dizendo: “Não há motivos para pânico, estamos cuidando disso...” claramente mentindo, tão apavorado quanto a repórter. Continuava a assistir sem interesse afinal não mudaria a anestesia que sentia. Até que uma criança que não deveria ter mais que 7 anos corria, furando o bloqueio policial e encostava na enorme rocha, um brilho azulado emanava daquele pedregulho e a criança simplesmente sumia.
   Boquiaberto mal conseguia ver as próximas cenas que passavam, uma mãe com mais duas crianças gritando, policiais entrando em confronto, gritos e histeria. Era algo diferente, afinal meu coração estava acelerado, uma vertigem tomava conta de minhas pernas e um pensamento me inundava. Preciso ver. E mais que isso... Tocar.
   Horas depois estava na rua andando. Tudo estava fechado como um feriado menos igrejas e templos, pessoas oravam pedindo perdão de seus pecados. Estranho ver como humanos se comportam ao achar que vão morrer ou o fim está próximo, acham que voltar sua fé para algo irá aliviar tudo que já fizeram. Aquela mulher que batia nos filhos e bebia magicamente se torna uma boa mãe, o homem desonesto se torna virtuoso por confessar, o nojo e preconceito dão lugar ao medo e pavor. Muito conveniente, é como o grande ser que quer foder com todos olhasse e falasse “Opa esses aqui rezaram por mim, então posso pegar leve com eles enquanto como o cú de todos os outros...”. Fico rindo sozinho, não me incomodo por andar tanto, afinal as vozes nunca me deixam sozinho, todas elas cobrando, xingando, ofendendo, lembrando meu passado como se precisasse de vozes para lembrar.
   Na avenida como previsto milhares de pessoas. Como abutres atraídos por carniça ficavam a espreita de informações. O medo era sensível, olhares se perdiam e se encontravam no mesmo ponto, uma enorme rocha fincada no meio da rua tão grande quantos os maiores prédios dela. Sirenes e helicópteros eram audíveis e sinceramente não me importava. Depois de tantos anos ouvindo atrocidades desferidas por pessoas queridas, fracasso em cima de fracasso, azar num mar de coincidências sinceramente eu era indiferente ao mundo real. Apenas andava uma longa linha reta até esse estranho monólito deformado. A cada novo passo pensava no abismo que me encontrava e quantas vezes quis dar um passo a mais, um salto de fé na incerta forma de viver. E novamente a mente pensava em motivos para não o fazer. Medo e angustia, amor, prazer, dor entre outros sentimentos que freiam fazem travar em decisões improváveis. E dessa vez nada parecia funcionar, via pregadores e seus livros gritando, vendedores ou aproveitadores no mesmo tom querendo lucrar. Toalhas estendidas no chão em piqueniques estranhos, góticos rindo enquanto punks bebiam, policiais assustados ligavam para suas famílias pedindo para saírem. E político, esses políticos sempre a esgueirar com suas línguas de verme prometendo o que não sabem ou não conhecem.
   Agora perto, vejo a grandiosidade de algo e minha insignificância perante a esse plano. A rocha a frente era descomunal e emanava poder, não haveria palavras para descrever a sensação sentida. Era como um amor de um abraço longo, daquele que foi dado no passado e até hoje ecoa na lembrança. Como um “eu te amo” guardado na memória e apenas tirado naquele momento de tristeza para confortar das mazelas da vida. Eu continuava a caminhar. O que poderia fazer? Se tudo que amei eu perdi. Um campeão em derrotas e sacrifícios inúteis. Eu pensava em apenas seguir, afinal não doía mais, não sentia mais nada, não era mais necessário ali.
   Eu andava, sentia meus pés trêmulos, a visão por vezes ficava turva e o coração disparado. Sinto mãos tentando me tocar, pequenas e grandes, delicadas e bruscas. Sigo apenas em um andar, sem volta, sem impedimentos, sem receios. Uma linha reta, um pensamento fixo. Se bom ou ruim não sei. Acho que nunca saberei. Apenas tenho que estender minha mão. E é o que faço.
   Sinto meu corpo ir, as vozes se calarem. Sinto paz. Sinto tristeza. Sinto amor. Adeus."

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Ainda sonho...







" Toda vez esse maldito espelho
vejo todos os erros que cometi
aparecendo, surgindo, gritando
o passado se foi
como uma tormenta longa, destrutiva
que varre a vida, toda uma existência
não deve ser assim?
todos têm contas para acertar
débitos para pagar...

Eu vejo o que ninguém vê
sei cada marca, cada tristeza, amargura
todas as trilhas já percorridas
e aquelas que não foram
eu sei que todos têm seus pecados
será que todos precisam perder?
ficar arrastando um cadáver
o resto de suas vidas...

Metade da minha vida
são pesadelos disformes, arrependimentos
outra metade são sonhos belos e lindos
já vivi com mendigos sábios
e convivi com tolos reis
vi cada dia, a cada noite
a verdade é única
o que você merece é consequência
de tudo que você faz
e lembre, nem sempre o mundo é justo...

Veja o que vejo
olhe pelos meus olhos
escute as vozes que me atormentam
sinta o gosto amargo
 de todas minhas lágrimas
e por um dia vista o manto
conselheiro, pai, amigo e irmão
depois e somente depois
me julgue, me ajude, me destrua...

Vamos sonhar ?
sonhe com coisas boas
sonhe, vamos sonhe , sonhe
as vezes sonhos não se realizam

Não me olhe assim
é a pura verdade
nem sempre o mundo é justo
nem sempre o senhor é absoluto
nem sempre o bom vence no fim...

Já vi amantes morrendo secos
tristes e apáticos
rastejando pelos cantos
todos eles morrendo em busca de algo
algo que não viria, não para eles...

Já vi bons homens se perdendo
loucos e insanos
em suas mentes brilhantes
mas tudo acabou
em um dia um simples dia ruim...

Já vi vermes tendo sucesso
amantes cantando
diamantes se rachando
porcos se fartando
bebendo todo amor viciado...

Sinta o que sinto
pele riscada, ardendo, sangrando
veja os fantasmas que me assolam
saboreie tal maldição
cada vez que amei em vão
amei sem ser amado
e por um dia vista o manto
perdedor, assassino, louco e pervertido
depois e somente depois
me julgue, me ajude, me destrua...

Vamos sonhar ?
sonhe com coisas ruins
sonhe, vamos sonhe , sonhe
as vezes pesadelos  se realizam...

Por você continuo
por você eu luto
por você eu sonho
eu realmente sonho
eu apenas sonho
ainda sonho..."