Sentado em cima de uma pedra escura com formato de trono, e muitos dizem que de tanto tempo que ele esta sentado, um velho fuma seu longo cachimbo, soltando a fumaça acinzentada que toma formas livres. Um cheiro de ervas doces toma conta do lugar, as estrelas podem ser observadas, dizem que ele já contou todas elas. Os mais sábios e antigos se referem a ele com respeito, os seres mais mágicos tratam ele como igual, mas muitas crianças o observam com descrença. Ele não é um velho, longe disso, seus cabelos são cinza de um tom claro brilhante como prata, seus olhos são profundos densos antigos, mas seu rosto é liso quase jovem. Suas mãos são delicadas, mas seguram o cachimbo com precisão como uma adaga prestes a degolar o mais forte dos inimigos. Suas vestes como de um rapaz que nunca saiu do vilarejo para lutar misturam tons de branco e marrom. Ele sorri observando todos e quebra o silencio com sua respiração mais pesada.
Bem acho que todos estão aqui por um único motivo – sorria com o canto dos lábios... Sua voz sem muito esforço ecoava pelo ambiente. Todos aqui querem saber como tudo começou não? Tudo bem mais uma vez eu conto essa estória. Uma longa tragada o fumo lateja e estala, com calma ele solta a fumaça e as palavras.
Há muitas eras, antes mesmo de todos os povos antigos quando o mundo e todo o mar celestial eram recém formados, grandes titãs governavam todos os paralelos. Os deuses de hoje eram apenas crianças aprendendo a usar seus poderes. Seus olhos densos envolvem cada um que escuta suas palavras.
Nessa época o tempo e as distancias não eram medidas. Carne e ossos não eram necessários e todos os conhecimentos eram dispensáveis.
Todo sonho era realizado com um gesto, cada desejo era planejado e executado. A cada sonho e desejo realizado um titã enfrentava o outro a fim de realizar o que queria.
Um momento os desejos e os sonhos eram maiores que os próprios titãs e começaram a se digladiar e devorar um ao outro, apenas sete titãs restaram.
Tao Tie a ganância, lady da soberba e da inveja sua beleza atiçava os titãs de todas as formas, com longos cabelos envolventes e lisos, olhos vermelhos intensos.
Fenghuang o renascimento, o pássaro de fogo. Suas asas vão de um extremo a outro da realidade. Capaz de recriar tudo nas forjas de sua essência.
Fucanglong o rei dragão da escuridão detentor da força e da união dos titãs, em seu enorme corpo está escrito cada um dos nomes de todos os titãs que já existiram e que vão existir.
Jiu Tou Niao O devorador de nove cabeças, o monstro de varias cabeças capaz de engolir tudo, sua fome desenfreada o faz engolir suas próprias cabeças.
Kran o destino, o titã de muitos nomes. Parece um homem de vestes negras e olhar perdido sempre vendo o futuro, passado e o presente.
Chi You a guerra sua beleza só é menor que sua fúria com doze braços cada um possuindo uma arma em cada mão.
Meng Po a senhora do esquecimento. Sua pele é pálida quase transparente sua beleza é ofuscante que deixa uma sensação boa e amarga uma tristeza e felicidade um fundo de desespero por nunca ser lembrar de toda sua beleza.
Cada descrição a fumaça formava desenhos e movimentos ele tragava ninguém falava um silencio curioso se fazia.
Cada um deles já havia comido outros 99 titãs, era impossível algum deles vencer o outro, porem Kran o grande destino, refletiu sobre tudo que acontecia e aconteceria e sugeriu algo que seria como uma batalha indireta, mas valida.
Ele pediu para Jiu Tou Niao usar seu enorme corpo e apetite para ser um lugar de onde poderia ser visto toda a situação, cada uma de suas cabeças seria um plano e em cada planos diferentes elementos poderiam ser formados mantendo um equilíbrio perfeito. Fenguang daria a vida a vários seres que seriam veículos para aventuras e historias. Fucanglong foi pedido para dar a vida a seres como ele que seriam fontes de magia poder para que os seres daquele mundo temessem e respeitassem e assim em sua copia formou todos os dragões cromáticos e metálicos e todos tem uma centelha da origem de tudo. Por fim pediu para Tao Tie e Chi You tocassem a cada um dos seres, pois todos sempre teriam ambições, ganâncias e o que levariam eles a uma guerra. E de 500 em 500 anos seriam escolhidos alguns que representariam eles em uma batalha e que os forjados com os melhores valores venceriam. Todos concordaram achando justo, porem Kran manipulava todos para um fim. Meng Po senhora do esquecimento tinha amores por Kran e por ele jurou fidelidade eterna. Após esse novo mundo ser formado Meng Po jorrou suas lagrimas em todos o fazendo lembrar apenas que deveriam escolher um ser a cada 500 anos, mas nunca saberiam o final das batalhas assim levando a todos um destino cruel o fim de todos os titãs e um único reinado de Kran.
Um vento gélido corta o silencio todos se arrepiam quando o olho daquele que contava brilhava em contraste ao arder da erva queimando.
Para que seu plano funcionasse Kran e Meng Po tiveram três filhos, deuses menores que seriam responsáveis por influenciar todos naquele lugar. E assim adormeceram até a ultima era, que seria o ponto onde nenhum dos outros titãs teria mais forças e lembranças assim Kran se declararia o Titã único. Os outros titãs a cada herói escolhido se enfraqueciam por isso o senhor de todo o destino não escolhia nenhum campeão se fortalecendo. E ao descrever tudo isso o contador da estória perdia parte de sua face em meio a fumaça um tom sombrio toma conta de todos e continuava.
Seus três filhos não possuíam nomes nem rostos eram elementos que compunham a necessidade de todos os seres. Alguns poderiam falar em bem, um mal e o justo. Um feminino, o masculino e o andrógeno. Todos estariam certos e todos estariam errados. Deles Surgiram os deuses atuais, os bons como Pelor e Moradin, os vis como Asmodeus e Tiamat; e os imparciais como Melora e Kord entre tantos outros.
Esses três filhos de titãs não são lembrados pois sua mãe assim o quis. E diante desse circo armado, vivemos dia após dia. Desde a era do Bronze onde os heróis eram poucos e destemidos suas aventuras caóticas eram tão secretas quanto seus sucessos. A era de prata onde todos começaram, a saber, que a magia é uma conosco e que todos possuímos uma parcela. A atual era de Ouro onde a banalização é total e vocês são um destino pouco lembrado para um futuro perdido e a futura era do final da magia, onde todos serão utilizadores dos poderes dos titãs perdidos dentro de seus próprios egos e reféns de pequenos truques, a um passo de entregar tudo para o senhor de um destino.
Assoprando a ultima tragada o não tão jovem mostrasse curvado com o peso de um mundo em suas costas. Um relâmpago corta os céus, poucas gotas batem contra o chão e fazem o publico sair correndo sem ao menos olhar para ele. Ele sorri com o canto dos lábios e respira fundo nisso uma menina de seus 5 anos o puxando pelas vestes o faz inclinar e o beija na face. Reconhecendo sua tristeza e seu fardo, sabendo que aquele que contará toda a historia tinha um fardo maior que todos e omitido ele teria que acompanhar dia após dias herói após herói o que acontecia, pois os titãs assim queriam. Sem interferir sem lutar sem prejudicar apenas estar presente.
Ela se vai correndo da chuva, o senhor que é de novo jovem continua sentado na pedra em forma de trono, sorrindo olha para os céus e respira o ar úmido torcendo para que um dia ele possa aproveitar o que lhe foi roubado.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
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