domingo, 5 de março de 2017

Saia de mim. . .



" Maldito demônio

que impregna minhas vestes
polui meu pensar
controla meus desejos...

Afronta tentadora
luxuriosa portadora
mensageira de meu caos
rompedora de mascaras e mentiras...

Nutriu-se muito bem
de meu prazer
paz 
sanidade...

Agora uma casca vazia 
que serventia teria
jogado no lixo
esquecido...

Seu cheiro 

gosto
pensar 
brincar...

Como posso viver
sem meu vicio

ápice tão intenso
voo sem asa...

Sou um joguete
em suas garras
poeta não lido
musico sem sucesso...

Apenas servi para orar 
em seu oratório carnal
sendo o balsamo de suas feridas
o apoio em suas quedas...

Agora sou menos que nada
uma criança esquecida
um velho, peso morto
sou um homem que queimo por amar...

Afaste se demônio
com seu sorriso
seu toque de veludo
com suas cordas em meu pescoço...

Lutei incontáveis lutas
sangue derramei
a terra arei 
para ser apenas mais um... 

Se decidiu ir
vá, deixe-me em paz
leve consigo minha alma
já vendi faz tempo...

Lembre que um dia 
não será mais adorada
não será mais venerada 
e ousou dispensar  o único...

Aquele que por mil vidas estaria a te seguir

Mil vidas a te procurar
Mil amores a se doar
Mil mortes a dizer, você...

Maldito demônio, me deixe, pare de rondar
maldita paixão, pare, me deixe viver
maldito amor, viva, mas não me consuma
maldita, consuma e não deixe nada
saia de mim..." 


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